LIVRO SEGUIDOR DE CRISTO: CAPITULO 1


O ANTECESSOR DE JESUS




  1. PREPARO

          Certo homem não tinha vontade própria, ou interesse material, nenhuma vaidade e era dependente da provisão de Deus em sua vida. Era incomum seu modo de vestir, sua roupa era de pêlos de camelo e um cinto de couro (Mt. 3:4 – compare com II Rs. 1:8). A sua alimentação era gafanhotos e mel silvestre, filho de Zacarias e Isabel, e a sua incumbência dada por Deus através de um anjo era: “E irá adiante Dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de PREPARAR AO SENHOR UM POVO BEM DISPOSTO”  (Lc. 1:17). Este homem era João Batista, o escolhido de Deus para PREPARAR o caminho do ministério de Jesus.
          Uma ilustração simples para se entender melhor a missão de João Batista seria como se ele fosse um servente que estivesse preparando uma massa de concreto. Misturando a areia, as pedras e o cimento para o pedreiro construir o alicerce e as colunas de uma casa. Estar no espírito e poder de Elias significa que João possuía a mesma unção do profeta do Antigo Testamento, alias, a semelhança estava até na maneira de vestir e falar.
          João estava no rio Jordão pregando e batizando os que criam em sua pregação. Sua mensagem era resumida nestas palavras: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos céus” (Mt. 3:2).
São dois temas que todo discípulo de Jesus precisa ter em sua mente: ARREPENDIMENTO e SALVAÇÃO. Esta idéia ou visão permanecerá na vida do cristão em todos os seus dias na terra. E era esta a missão deste antecessor do Senhor Jesus, ele preparava um povo para seguir o Mestre dos mestres. João era um discipulador que fazia discípulos para Jesus.
Aproximaram-se de João Batista alguns líderes religiosos da época: os fariseus e os saduceus.

  • FARISEU vem de uma palavra hebraica significando ‘separado’, eram virtuosos, zelosos e auto-sacrificantes, mas também cheios de justiça própria (Lc. 18:9), e destituídos do sentimento do pecado e da necessidade (Lc. 7:39). Eles foram os principais perseguidores de Jesus.
  • SADUCEU negava a existência dos anjos e outros espíritos, e de todos os milagres especialmente a ressurreição do corpo. Foram os racionalistas religiosos daquele tempo (Mc. 12:18-23; At. 23:8). Os saduceus não se identificavam com nenhuma doutrina positiva, mas simplesmente negavam o sobrenatural.

          Alguns destes religiosos tinham o poder político da nação, eram influentes e observavam o que João Batista fazia e acharam que ele estaria trazendo uma nova religião, diferente do que conheciam segundo a Lei. E quando eles se aproximaram para serem batizados receberam uma palavra muito forte, impactante, diferente do que estavam acostumados a ouvir (Mt. 3:7-8): “Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira futura? Produzi, pois, fruto digno do arrependimento”. João mostrou a eles a seriedade da decisão que tomavam naquele momento. Ninguém os forçava ao batismo, porém, queriam ser batizados afins de ‘garantirem’ a entrada no Reino dos céus que tanto anunciava João. Engano deles ao pensar que só precisavam disto! Deveriam confessar seus pecados e se arrependerem e assim seriam batizados.
         A vida cristã não é como a religião que serviam, em que se achava melhores, ou mais santos, ou capazes de fazerem algo sem a ajuda de Deus, pelo contrário, vida cristã é vida de dependência de Deus, da provisão diária divina, e de abandono ao egoísmo e de práticas de rituais religiosos. Eles foram orientados que mesmo sendo filhos de Abraão (por serem israelitas) sendo herdeiros das promessas de Deus, não deviam se exaltar achando que suas convicções religiosas e tradicionais poderiam salva-los. Deus não tem lugar no coração dos soberbos e sim dos humildes de espírito e coração quebrantado (I Pe. 5:5).
          Quando os religiosos ouviram: “Eu vos digo que mesmo destas PEDRAS Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mt. 3:9), foi muito duro e grosseiro aos olhos deles. João apontou para algumas pedras no rio Jordão e fez esta afirmação. Algo muito profundo pode se entender desta frase: PEDRAS ninguém dá valor, ao entrar num rio observamos a beleza das águas e dos peixes que nele vivem, mas, as pedras (salvo algumas valiosas ou coloridas) até atrapalham, incomodam, e nem olhamos para elas. Biblicamente falando, olhamos e admiramos pessoas boas, honestas e deixamos de lado aquelas que são comparadas, segundo João Batista, às pedras do rio Jordão. Pessoas más que vivem constantemente influenciadas pelo diabo (as pedras) Deus pode fazer delas discípulos para Jesus.
          Além destes religiosos, chegaram outras pessoas para serem batizadas: publicanos e soldados. Os publicanos eram pessoas corruptas; ladrões, cobradores desonestos dos impostos, e perguntaram a João como poderiam mudar de vida, ao que lhes explicou (Lc. 3:13): “Não cobreis mais do que o estipulado”, ou seja, deixem de roubar as pessoas, tirando delas mais do que devem ao governo. A mudança de vida dos publicanos começaria por esta atitude. Deveriam se arrepender da vida de engano; de levarem vantagem se aproveitando da autoridade que tinham e da fragilidade das pessoas que temiam perder seus bens. Os soldados também queriam receber o batismo (Lc. 3:14) e João disse: “A ninguém maltrateis, não deis denúncia falsa e contentai-vos com o vosso salário”. Podemos tirar o exemplo em nossos dias daqueles que abusam de sua autoridade, humilhando, torturando e até assassinando covardemente as pessoas. Quando alguém corajosamente os denuncia usam mentiras e falsas testemunhas para livrarem suas peles. Foram aqueles soldados orientados por João Batista a se contentarem com seus salários e a não tomarem dinheiro de seus suspeitos (aceitando subornos), ou daqueles que lhes pedem algum favor.
          João Batista já ensinava o Cristianismo antes mesmo que Jesus iniciasse Seu ministério. Tudo isto aconteceu antes do batismo de Jesus, as pessoas chegaram a pensar que João era o Cristo que eles aguardavam (Lc. 3:16).
          Cristianismo não é religião! Você irá entender a certeza desta afirmação. João foi o precursor de nosso Senhor Jesus, mas já ensinava a mudança de vida através do arrependimento, da confissão dos pecados e do abandono à vida errada. A transformação em Jesus faz cair a máscara do orgulho, do egoísmo e nos enche do amor à Deus e, consequentemente, pelas almas sedentas que são as PEDRAS de que João falou, os corações endurecidos.
          Ele era o servente preparando a massa, ou seja, pecadores ao arrependimento, e o Pedreiro, o Cristo, traria Sua sã doutrina e faria de doze discípulos as primeiras colunas que sustentariam uma multidão, povo que teriam suas vidas transformadas.

           Você, SEGUIDOR DE CRISTO, também poderá ser um ANTECESSOR DE JESUS, preparando pessoas ao Seu Mestre. Isto acontece no evangelismo, no testemunho pessoal, no aconselhamento, na instrução e nesta abordagem antecedemos o milagre da transformação que Jesus fará ao prepararmos alguém.
          E a transformação surge com a mudança de atitude: pelo arrependimento e pelo perdão.


  1. ARREPENDIMENTO

          João Batista, antes de Jesus iniciar Seu ministério, já falava sobre este assunto. Quando a tristeza pelo pecado transforma-se em desejo de perdão é, como disse o apóstolo Paulo, TRISTEZA SEGUNDO DEUS (II Co. 7:10). O arrependimento divino é a primeira reação de quem quer uma mudança de vida. Quando há este sentimento, há uma mudança de ponto de vista, há um propósito em abandonar o pecado. Tudo aquilo que se sabe ser errado, coisas que desagradam a família, aos amigos, aos irmãos em Cristo e principalmente à Deus, após o arrependimento, surge a confissão, em seguida o perdão das pessoas e de Deus.
          No livro de Mateus (9:l0), lemos que Jesus estava com Seus discípulos reunidos em Sua casa e começaram a chegar outras pessoas que a Bíblia chama de pecadores, e também os publicanos amigos de Mateus, que haviam sido convidados especialmente a esta reunião. E antes de Jesus iniciar o culto de evangelismo residencial apareceram alguns fariseus, que não entenderam por que a casa de Jesus estava cheia de pecadores. A doutrina dos fariseus referia-se a eles mesmos como ‘santos’, porque praticavam a Lei de Moisés, mas, na verdade, só praticavam o que interessava a eles próprios. Eles se admiraram quando Jesus lhes disse que veio para os que necessitam de médico e não para os sãos, e que veio chamar pecadores ao arrependimento.
          Jesus nunca perdeu Seu tempo debatendo com religiosos acerca da Lei, o objetivo do nosso Mestre era converter e salvar aqueles que de livre e espontânea vontade decidisse mudar, e deixar a máscara do orgulho, egoísmo, falsidade cair para viver a vida diferente daquela que conheciam.
          O filho pródigo (Lc.l5:ll-32) é uma parábola que conta a história de alguém que caiu em si, isto é, examinou sua vida de erros, recobrou o juízo, refletiu e decidiu voltar ao seu pai. E vemos sempre nos jornais jovens que enquanto estavam sob efeito de drogas praticaram atos criminosos terríveis, até contra a sua própria família. Quando passa o efeito tóxico se apavoram e custam acreditar serem eles mesmos os autores de tantas atrocidades, depois, voltam a se drogar para esquecer o que fizeram. Isto não é arrependimento, é remorso. O arrependimento faz com que a pessoa deixe o que é errado.
          Hoje muitos se consideram salvos só porque não fazem coisas erradas à vista de outras pessoas, e dizem: -Eu não tenho vícios; nunca roubei; nunca matei; sou religioso e sei que Deus existe. Pessoas que pensam assim, muitas delas, são mais difíceis de converterem a Jesus do que: um alcoólatra, um drogado, uma prostituta, um ladrão, um mentiroso, um macumbeiro etc. É exatamente isto que aprendemos ao ler o texto de Lc.7:36-50. Simão era o religioso certinho, com aparência de santidade! A aparência não prova nada e nem determina o grau de santidade. Enquanto Simão se exibia com a presença de Jesus em sua casa, como fosse (Jesus) um troféu que conquistou, uma mulher entrou, de repente uma pecadora que tinha longos cabelos ao saber que o Senhor Jesus estava ali, pegou o que tinha de melhor na sua vida para oferecer ao Homem que poderia lhe ajudar a mudar o curso de sua história de má reputação. Uma vida, à vista de todos da cidade, desonrosa, de humilhações, de maus tratos e de pecados. Com o coração arrependido se ajoelhou aos pés de Jesus, implorando para ALGUÉM divinamente superior, capaz de perdoar-lhe.
          Todos naquela casa sabiam e conheciam o que ela fazia e quem ela era, diferente do homem que santificava a si próprio e vivia detrás de uma máscara. Não entenderam o que a mulher estava fazendo enquanto lavava os pés de Jesus e enxugava-os com seus cabelos, e chorava e beijava, e ungia os pés do Mestre com perfume. Aquela mulher estava se humilhando e se arrependendo de sua vida de pecados. E o que fez o fariseu Simão? Ele ainda protestou contra a atitude daquela mulher. Enquanto Simão, às escondidas, tinha suas falhas e ninguém sabia, o pecado daquela mulher era notório, por isso, após seu arrependimento, a mulher amaria mais a Jesus do que Simão (o religioso).
          Foi uma lição dada por Jesus à Simão, e este ensinamento, certamente, nunca mais foi esquecido: o arrependimento e perdão:
“Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas a quem pouco é perdoado, pouco ama” (Lc. 7:47).


3. PERDÃO


          Este ensinamento é fundamental para vivermos o verdadeiro cristianismo. Quanto mais abrimos nosso coração e nos arrependemos e confessamos nossos pecados, mais recebemos o perdão e o amor de Jesus em nossas vidas (I Pe. 4:8). Quem ama, certamente perdoa. Perdoar é cancelar, anular uma dívida de seu próximo. E quando pedimos perdão, recebemos o cancelamento de nossos pecados.
         Certa vez Pedro perguntou se o máximo que podemos perdoar é sete vezes, e Jesus respondeu: “Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete”, ou seja, “SEMPRE DEVEMOS PERDOAR”. Esta virtude faz parte do caráter do cristão! Há um provérbio popular que diz: PERDOAR É DIVINO! Sábias palavras, o perdão é uma característica divina e quando perdoamos liberamos quem está preso, assim como a falta de perdão aprisiona.
          O texto que Jesus falou ao fariseu Simão deixa claro que aqueles que confessam todos os seus pecados para alcançar o perdão de Deus, são os que mais amam ao Senhor, e são maravilhosamente retribuídos neste amor. Quem é pouco perdoado, pouco ama (se é POUCO ainda ficou algo a ser confessado, por isto foi pouco perdoado, quando se confessa TUDO o perdão não é pouco, é COMPLETO). Esta é a prova de nossa confiança e do nosso amor à Deus.
          Deus não tem filhos prediletos com alguns interpretam, mas, quando nos entregamos totalmente a Deus, Ele pode se aproximar ainda mais de nós. Quanto mais intimidade temos com Jesus e o Espírito Santo que habita em nós, abrindo o coração e confessando tudo que se passa em nossa mente, mais ainda Ele se achega aos Seus discípulos amados.
       Sabemos que Jesus tinha doze discípulos, contudo, quem estava mais junto Dele em todos os momentos: no julgamento, ao pé da cruz, no túmulo, na ressurreição... era o apóstolo João, o discípulo amado. Foi a João que nosso Senhor entregou sua mãe quando estava na cruz. Era o único que estava lá no momento mais difícil da vida de Jesus, e acompanhou o momento em que o Filho de Deus declarou Seu divino perdão à humanidade. Sempre Deus aguarda, primeiro, a aproximação do homem; Ele quer que nos acheguemos de livre e espontânea vontade, entregando tudo em Suas mãos.
       O fariseu Simão talvez tivesse a intenção de humilhar Jesus (como vemos religiosos humilhando os cristãos hoje), usando a doutrina dos fariseus. Mas o tiro saiu pela culatra, e ele recebeu o que não esperava, e os espíritos de engano foram duplamente derrotados porque aquela mulher pecadora se tornou uma discípula de Jesus.
          Há um ensinamento acerca do perdão na parábola do credor incompassivo. O rei aceitou o pedido de perdão de seu servo: “O Senhor daquele servo, movido de intima compaixão, SOLTOU-O e perdoou-lhe a dívida”. O homem estava preso por causa de sua dívida, ao receber o perdão (cancelamento da dívida) foi solto. E este servo fez o contrário com seu companheiro de trabalho: “Ele, porém, não quis (perdoar-lhe a dívida); antes, foi ENCERRÁ-LO na prisão”. O servo não aceitou o pedido de perdão do colega e colocou-o na prisão. Espiritualmente isto pode acontecer quando não liberamos perdão, e a pessoa fica com sua vida amarrada, presa, nada dá certo. Isto é pecado! (Mt. 18:27-35). Existem ministérios que não se expandem por causa da falta de perdão, do líder ou do liderado. Alguém precisa ceder, dar o “braço a torcer”, deixar o orgulho. Na vida cristã não há lugar para sentimentos contrários ao sentimento que há em Cristo, perdoar é um dos principais ensinamentos de Jesus. Se você estiver plantando falta de perdão ...ninguém pisa no teu calo; não leva desaforo para casa... o que você vai colher é exatamente isto, só que da parte de Deus!
          O ANTECESSOR DE JESUS, João Batista, ensinou o arrependimento e o perdão para que o povo fosse salvo. Muitos aceitaram e foram batizados por João nas águas do rio Jordão, e certa vez, João enviou até Jesus dois de seus discípulos para perguntarem se: “Jesus é aquele que havia de vir ou esperaremos outro?” (Lc. 7:l9). Jesus respondeu aos discípulos de João com milagres (v. 21). Aqueles homens correram até João e informaram tudo que viram. O nosso Mestre poderia, simplesmente dizer em resposta àqueles discípulos que Ele era o Cristo, mas fez com que eles mesmos tivessem conclusões próprias, a respeito de Sua missão.
          Ouvi um pastor perguntar a multidão na Igreja: “Vocês acreditam que eu sou um homem de Deus?” E todos responderam: “Sim, acreditamos!” Ele continuou: “Como vocês sabem que sou homem de Deus? Só porque estou aqui na frente com este microfone e pregando? Deixem para tirar suas conclusões no final da reunião, quando Deus começar abençoar vocês”. Achei corretíssima a atitude daquele pregador. Não se sabe realmente quem é de Deus pela aparência, é necessário que existam obras que falem por si próprias e mostrem o que é a pessoa.
          João dedicou toda a sua vida: segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos para cumprir a missão: PREPARAR O CAMINHO! Não o caminho de religiões, e sim, encaminhar o povo ao Senhor Jesus. Ele era como um anjo que Deus enviou para PREPARAR a massa (povo) ao seu Mestre-de-obras Jesus Cristo.
          O maior exemplo que podemos ter em nossa vida é o de Jesus, este estendeu o Seu perdão a toda humanidade de uma só vez: “Pai, PERDOA-LHES, porque não sabem o que fazem” (Lc. 23:34). Ninguém sofreu mais do que Jesus! Ele passou por todo aquele sofrimento no Calvário injustamente, mas, Seu objetivo era eu e você. O Seu amor por nós é imenso, e por motivos banais (se comparados ao que Jesus sofreu) deixamos de liberar perdão a alguém. Dê o braço a torcer, perdoe, enfrente sua própria natureza e vença. Se você está esperando que alguém lhe peça perdão por algo que te fez, faça o contrário, faça como Jesus, e vá você perdoa-la, e você se sentirá livre, solto para voltar a vencer.
          Através da oração alcançamos o perdão de Deus e aprendemos a perdoar aqueles que nos querem mal, e querem nos afastar da presença de Deus. No próximo capítulo a oração estará em evidência para enfrentarmos qualquer dificuldade que surgir no nosso dia.

autor: Marcelo Donisete 


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